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USP afasta professor titular após alunos denunciarem assédio moral e humilhação em entrega

Educador criou premiação e constrangeu aluna. Turma de Geologia publicou carta de repúdio ao episódio ocorrido em sala de aula. Ele diz assu
USP afasta professor titular após alunos denunciarem assédio moral e humilhação em entrega

A Universidade de São Paulo (USP) afastou na última terça-feira (19) um professor titular do Instituto de Geociências após alunos o denunciarem por cometer assédio moral durante uma aula do primeiro ano do Bacharelado em Geologia.

O educador Joel Barbujiani Sigolo premiou com livros dois alunos que tiveram melhor desempenho na matéria de Geologia Geral. Na sequência, chamou uma estudante para a frente da sala de aula para entregá-la um “prêmio de pior aluna da turma”.

Os estudantes tiveram aula com o professor em 2023, mas os prêmios criados por ele foram entregues neste ano.

O ocorrido revoltou os colegas da jovem, que divulgaram uma carta de repúdio ao episódio, apoiada por cinco centros acadêmicos da universidade.

 
 
Professor afastado após constranger aluna em sala de aula — Foto: Reprodução/YouTube

Professor afastado após constranger aluna em sala de aula — Foto: Reprodução/YouTube

Segundo consta no texto, durante seu primeiro semestre na faculdade, a estudante teve problemas de saúde que a levaram a perder aulas e provas. Na época, ela teria comunicado os professores sobre a questão e as faltas justificadas.

"Ainda que a referida aluna tivesse comparecido a todas as aulas, ou ainda, que fosse uma aluna com assiduidade e performance insatisfatórias por suas próprias decisões irresponsáveis, absolutamente nada justificaria ou autorizaria o docente a cometer o assédio moral acima relatado, em especial expondo a aluna a uma situação vexatória frente a seus colegas que a acompanharão por longos anos na universidade", diz a carta.

Os colegas de curso relataram ainda que, ao importunar a jovem para que fosse à frente da sala, o docente dizia palavras desconexas em japonês, em aparente discriminação da aluna com ascendência nipônica.

“Os fatos narrados são tristes, desrespeitosos e aviltantes e não coadunam, de maneira alguma, com a filosofia da gestão recém iniciada”, afirmou o Instituto de Geociências por meio de nota.

O professor foi afastado de forma preventiva até que a apuração do caso seja concluída. “Se confirmados os fatos, serão adotadas as sanções cabíveis ao caso”.

Procurado pelo g1 para comentar as acusações, Sigolo disse que aguarda o posicionamento de sua assessoria jurídica, “pois tal aspecto está fortemente distorcido”.

Depois, em nota, afirmou que a atitude foi impensada, que assume a responsabilidade e gostaria de se desculpar com a vítima e sua família pelo episódio (veja a íntegra abaixo).

Joel Barbujiani Sigolo é formado em Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Se tornou mestre e doutor pela USP, onde passou a lecionar em 1989. Em 2005, passou em um concurso e se tornou professor titular da universidade. Depois de 14 anos, se aposentou, mas seguiu dando aulas como parte do quadro permissionário previsto no estatuto da USP.

De acordo com o portal de transparência da universidade, o salário líquido atual do professor é de R$ 26,2 mil.

 

O que diz o Código de Ética da USP?

 

Publicado em outubro de 2001, o material estabelece que “o respeito mútuo e a preservação da dignidade da pessoa humana” deve prevalecer entre todos os membros da universidade, incluindo professores e alunos.

No art.9º do documento, fica determinado que docentes não podem utilizar a posição hierárquica para desrespeitar ou discriminar subordinados, assim como "criar situações embaraçosas ou desencadear qualquer tipo de perseguição ou atentado à dignidade da pessoa humana”.

 

Nota do docente

 

"Apresentei meu pedido desculpas pessoalmente à aluna e seus colegas de turma, bem como à direção da instituição, e estendo-o a todos os membros discentes e docentes do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, comunidade USP e sociedade civil. Compreendo que minha atitude impensada causou constrangimento, assumo a responsabilidade e peço desculpas publicamente a ela e sua família pelo ato e subsequente efeito não intencional à estudante.

Entendo a posição da instituição de afastamento das atividades de docência até a averiguação interna dos fatos e integrarei a aprendizagem relacionada ao episódio à minha prática docente, bem como às minhas relações pessoais e profissionais."

 

 

Nota da Diretoria do Instituto de Geociências

 

Foi com consternação e pesar que recebemos uma nota de repúdio redigida por alunos do IGc e de outros institutos do baixo Matão.

A nota dá ciência de grave ocorrido em sala durante uma das aulas do primeiro ano do Bacharelado em Geologia. Os fatos narrados são tristes, desrespeitosos e aviltantes e não coadunam, de maneira alguma, com a filosofia da gestão recém iniciada.

Além das instâncias departamentais e da Comissão de Graduação, que costumeiramente acolhe relatos concernentes à prática docente, o IGc conta com uma Comissão de Direitos Humanos. Estes são os canais adequados para a protocolização, acolhimento e encaminhamento de denúncias de assédio e perseguição. Sentimos muito que o fato tenha sido trazido ao nosso conhecimento somente hoje.

Esclarecemos que o docente envolvido está aposentado, porém ativo via adesão ao quadro permissionário previsto no estatuto da USP. Ressaltamos que o docente será afastado de todas as atividades em sala de aula até que a situação seja melhor averiguada. Se confirmados os fatos, serão adotadas as sanções cabíveis ao caso à luz do que preconiza a jurisprudência universitária.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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